O centenário de Nhonhô do Tamarineiro: Osvaldo Botelho de Campos

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Por Neila Barreto

Osvaldo Botelho de Campos nasceu no sítio Buriti, em Nossa Senhora do Livramento-MT. É daí que vem o apelido Nhonhô, caçula de família de muitos irmãos, um menino alegre e feliz, que corria livre e contente pelos campos e capinzais, aos 05 de março de 1920, permanecendo por lá toda a sua primeira infância e, vindo para Várzea Grande, com sua mãe ainda criança para o prosseguimento dos estudos.

Osvaldo Botelho de Campos, filho de Mariana Benta de Campos. Neto de Benedito Paulo de Campos e Cândida Dionísia de Campos.

Mariana de Campos Botelho, casou-se com Francisco João Botelho, são pais de seus 06(seis) irmãos: Maria da Conceição Botelho (Turca); Benedita de Campos Botelho (Morena); Gonçalo Botelho de Campos (Gonça); Laurindo Botelho de Campos (Lauro); Angelina de Campos Botelho (Angi); Paulino Botelho de Campos (Sinhôca).

Mariana, já viúva, em segunda núpcias com Salim Homsi, descendente das famílias “Gatass e Orro”, libanês, naturalizado brasileiro, comerciante originário de São Paulo/SP, depois em Corumbá, hoje Mato Grosso do Sul, é o pai biológico de Osvaldo. Com o falecimento de Salim, antes de Osvaldo nascer e, considerando a distância onde se encontrava naquela época, 1920, Mariana optou por registrá-lo com o mesmo sobrenome que carregava os demais irmãos, Botelho de Campos.

A colônia libanesa que se estabeleceu em Mato Grosso no início do século XX foi mais expressiva em Campo Grande e nos municípios de Corumbá e Dourados/MS. Depois vieram para Cuiabá e Várzea Grande, negociando as suas mercadorias de porta em porta. O negócio de Salim era em Corumbá.

Nhonhô bebeu dos ensinamentos da professora Adalgisa Gomes de Barros, grande educadora do município de Várzea Grande. Iniciou-se muito cedo em seus trabalhos para ajudar a mãe, vendendo e comprando tudo, profissão esta praticada pelo seu pai biológico, comerciante ambulante.

O dia a dia de Nhonhô era assim, deslocava-se para as estradas da cidade de Várzea Grande, aguardava a passagem dos tropeiros e as suas produções, abordava-os, adquiria as mercadorias e levava-os para a sua casa. Com a ajuda da mãe Mariana descarregava e pesava os produtos (mandioca, farinha, milho, rapadura, arroz, etc.), após, pesava tudo em separado, colocava no carrinho de mão e, lá ia Nhonhô vender os produtos pelas ruas de Várzea Grande.

Agora adulto, comerciante já estabelecido, após uma experiência com o cunhado Sebastião Ramos de Almeida, juntou-se a um ajudante chamado Filinto, filho de

Pedro Paz e passaram a comercializar os produtos fornecidos pelo seu padrinho, Miguel Gatass em lugares mais distantes como, Nossa Senhora do Livramento (MT), a região do Porto, em Cuiabá e circunvizinhanças, utilizando como meio de transportes, a carroça, o lombo do cavalo e muitas vezes a pé.

Os sírios libaneses quando vieram para Mato Grosso, assim ajudaram a construir Mato Grosso e Cuiabá, “com a sua capacidade de trabalho e de sonho, sua ânsia de viver, sua áspera coragem. No dia seguinte, todos eram mato-grossenses, cuiabanos, livramentenses, rosarienses, várzea-grandenses, em sua nobre missão comercial, a arte de mascatear” etc.

O “Tamarineiro” veio mais tarde, quando já era próspero comerciante ambulante e adquiriu a Fazenda Tamarineiro, localizada no município de Rosário Oeste (MT), que passou a ser o embrião de sua vida futura, no comércio da região, no ramo da compra e venda do gado.

Ele, Osvaldo Botelho de Campos que recebeu na infância o apelido carinhoso de Nhonhô e, depois Nhonhô do “Tamarineiro”, árvore frondosa, de vagem alongada, dura e ao mesmo tempo quebradiça, que envolveu Osvaldo Botelho de Campos em toda a sua existência.

Mais tarde, a fazenda deu origem ao grupo batizado de “Agropecuária Tamarineiro”.

Osvaldo cresceu assim, se tornou um homem de bem, um comerciante próspero, conheceu sua futura esposa, Elina Correa de Almeida, filha natural de Abdala José de Almeida, moradora da região do sítio Barreirinho, também em Nossa Senhora do Livramento, neta de Aurélia Correa de Almeida, esposa de Luiz José da Silva, libanês, naturalizado brasileiro, que a criou e registrou como filha legítima.

Osvaldo e Elina casaram-se em 04 de dezembro de 1943.

Osvaldo e Elina foram casados por 52 anos, floriram o seu lar com doze filhos, que sempre foram motivos de orgulho e satisfação: Salim Botelho de Campos, falecido aos 08 meses de vida; Wenceslau Botelho de Campos, casado com Jacinta Izidora Pereira; Elizete Botelho de Campos Merthan, casada com Laércio Merthan, já falecido; Mariana Botelho de Campos, casada com Luís Duarte Silva Junior e, depois Juarez Budib, já falecido; Heleninha Botelho de Campos Coelho, casada com Waldebrand da Silva Coelho; Nereu Botelho de Campos, casado com Maria Aparecida Abes Botelho; Salim Botelho de Campos, casado com Edna Laís Silva Botelho de Campos; Hermes Botelho de Campos, já falecido, casado com Eliete Vieira Botelho de Campos; Maria Auxiliadora de Campos Oliveira, casada com Edmundo Luís Campos Oliveira; Pedro Paulo Botelho de Campos, casado com Iracilda Dantas Botelho de Campos; Elina de Almeida Campos Costa Marques, casada com Edmundo Costa Marques Filho e Ivete Botelho de Campos. A família se multiplicou e hoje suas ramificações cobrem o estado de Mato Grosso com os Botelho de Campos; Botelho de Campos Merthan; Botelho Duarte Silva; Botelho de Campos Coelho; Abes Botelho; Botelho de Campos Neto; Botelho de Campos Junior; Silva Botelho de Campos;

Vieira Botelho de Campos; Campos Oliveira; Dantas Botelho de Campos; Costa Marques Neto; Campos Costa Marques, onde em 2019 já contavam com 99 descendentes.

Além de hábil comerciante e bom pai, Osvaldo Botelho de Campos foi um hábil político de Mato Grosso e um dos articuladores da política mato-grossense, mesmo sem nunca ter exercido um mandato político, entre os anos de 1950 e 1982, tendo como cenário das suas articulações o município de Nossa Senhora do Livramento, especificamente, a fazenda Tamarineiro.

Osvaldo Botelho de Campos fundou a União Democrática Nacional – UDN, em parceria com Joaquim Nunes Rocha, José Garcia Neto e Fernando Corrêa da Costa, entre outros, polarizando grandes embates políticos mato-grossenses, entre a UDN, o PTB – Partido Trabalhista Brasileiro e o PSD – Partido Social Democrata.

Osvaldo Botelho de Campos foi o responsável direto pelas vitórias do Senador João Villasboas, da UDN (década de 60); do Deputado Estadual Nelson Ramos de Almeida (1963-1979); Gonçalo Botelho de Campos, prefeito de Várzea Grande (1951-1959) e Nereu Botelho de Campos, prefeito de Livramento e, posteriormente, Várzea Grande e Deputado Estadual, Wenceslau Botelho de Campos, como prefeito de Santo Afonso, além de vários prefeitos de Nossa Senhora do Livramento. Foi mentor intelectual de vários políticos.

Politicamente articulado, Osvaldo Botelho de Campos, sempre foi um homem de retaguarda. Correligionário disciplinado participou da fundação da ARENA, em Mato Grosso, ao lado dos seus adversários Filinto Muller, Ponce de Arruda, Júlio Domingos de Campos (Fiote), de quem é primo legítimo e de Licínio Monteiro da Silva.

Denominado de homem simples e sincero, recusou o convite para ser suplente de senador federal, de Filinto Muller, em 1970, indicando, o amigo Italívio Coelho, que se tornou senador da República por 06 anos, após o falecimento de Filinto Mulller, em 11 de junho de 1973.

Faleceu em Cuiabá, no dia 25 de janeiro de 2010.

Viva o Centenário de Osvaldo Botelho de Campos-Nhonhô do Tamarineiro.

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