“Mãe, nós estamos aqui na sala do Diretor…”

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A turma do fundão
Professor Cleir Edson
Eu sempre fui da turma do fundão. Sempre! É como se fosse um eterno
pertencimento entre mim e aquele lugar lá do fundo, e vice versa. Um permanente namoro
desses para toda a vida… Sempre foi assim, acho que desde o Big Bang… sim, já nos
primeiros dias de escola, lá no maternal… sei lá, só sei que na primeira aula, lá estava eu
– resoluto – determinado a fazer parte daquela panelinha, daquele apaixonante e atraente
espaço: a turma do fundão.
Parece, para mim, que o restante da sala não existe! Eu só vejo aquele mundo lá!
Há uma sensualidade latente no fundo que me atrai, que me puxa para acolá. Um místico
e fortíssimo encontro de Yin & Yan ali se faz presente. Como o Eclipse… ou seja, o
encontro do Sol com a Lua – aquele que ilumina o dia ensolarado – e esta que enfeita com
sua luz as noites enluaradas. Uma perfeita simbiose do Sim com o Não, estes opostos que
se atraem como perfeitos… e se afastam diante de qualquer senão pois que imperfeitos
são!
E assim foi até os bancos da Universidade. Primeira aula do ano: lá estava Eu – na
carteira última da última fileira! Uma sensual e irresistível atração me puxa, me arrasta,
pois ao adentrar a sala… é como se meus pés, imperiosamente me empurrassem naquela
direção, independente da minha vontade. Ainda recentemente, quando do último work
shop de que participei, na última carteira do fundão estacionei. Acredito que se hoje, for
convidado para um curso, uma palestra, uma especialização, enfim qualquer coisa do
gênero que seja presencial, não tenham dúvidas, este ato na mais pura impulsão
preferencial repetirei: mais uma vez na turma do fundão ficarei!
E essa opção pelo fundão, tinha e tem, é claro, uma forte simbologia para
nossos Mestres. Uma conotação bem negativa. Sim, porque – Nós – a turma do fundão
éramos, fomos, somos e, quiçá, seremos os eternos “apátridas, os sem-terra da sala de
aula, os que conversam durante todas as aulas, os de letra feia ou ilegível, os que colam
nas provas, aqueles que nunca fazem “os para casa”, os que encaram o professor e de sua
cara riem sem motivo, deixando-o desconfiado e inseguro (se esse mal fizer parte do DNA
do mestre); sim, somos os maus alunos que aprontam bagunça o tempo todo – “o horror
dos professores”, e que fazem destes a razão do seu riso, que os tiram do sério com tanta
arruaça, com tanto improviso…
Nós somos a turma do futebol, da bolinha de gude, do totó, e por causa disso – do
cheirinho de cê-cê, muitas vezes, insuportável –, da sensual bola de meia, do cigarro
escondido, das rodinhas contando as mais gostosas piadas de fazer escancarar de tanto
rir, do palitinho, da porrinha, a turma de ficar “zoiando de esgueia” pras meninas,
reparando seus atributos… a turma que, mesmo sem saber dançar, nos bailes, tira as
mocinhas para dançar com elas bem agarradinhas num gostoso forrobodó…
Em oposição a nós, existe a turma da frente: os certinhos, letra bonita de se ver,
caderno impecável, tarefas e para casa sempre em dia, disciplinados… perfumados,
bonitinhos, às vezes… ordinários, ou seja, estes – os de lá da frente, se assentam em
harmonia. Enfim não há como não fazer discriminação entre as duas bundas! Opa!
Desculpem, quis dizer bandas. O que hoje, face à hipócrita hipocrisia do politicamente
correto, é um crime! ( ? )
E o preço desta escolha de pertencer à turma do fundão? Com certeza é caro e
recorrente: tornei-me frequentador assíduo da sala do Diretor… no meu caso específico,
do gabinete do Capitão!
Pois bem, pacientes leitores, todas essas estudantis reminiscências que faço vêm a
propósito de uma conversa no WZ que tive noutro dia com minha amiga de Campo
Grande – Jussara Mathos – Coaching com formação PNL, que atua na área de
Constelação Sistêmica e Astrologia, lá na cidade Morena, também em Porto Alegre (ela
é gaúcha adotada por Campo Grande).
Um dia antes dessa conversa, assisti à Live que ela fazia, como tenho feito
habitualmente desde que ficamos em isolamento; em determinado momento da Live, ela
conta que ligou para sua filha – Morgana – para conversarem, e esta ao atender, respondeu
a uma pergunta de sua mãe assim:

  • Pois é, mãe, estamos aqui na sala do Diretor!
    Daí Jussara – brilhantemente, como sempre – conduziu sua Live, inspirada também
    na resposta da filha.
    Ora, ao ouvir aquela frase, veio-me o toque, o estalo, e como toda a vez em que me
    surge a magia da inspiração, foi num relâmpago. E aqui estou. Não sem antes pedir,
    lógico, à Jussara e à sua filha, licença para usar tão inspiradora frase.
    Sim, Morgana empregou apropriadamente essa Metáfora ao expressar seu
    sentimento em relação ao que aqui e agora estamos vivendo.
    O engraçado, o irônico, para não dizer trágico, é que não é só “a turma do fundão”
    que está na sala do Diretor, não. Definitivamente, não! (Perdoe-me, Morgana, você não
    me parece pertencer a essa turma, estou falando de outra gente, viu).
    Está todo mundo, sem exceção: a do caderninho bonito e a dos que nem caderno
    tem!
    Sim, leitores amigos. O Universo e a Divindade juntaram todos os seres humanos
    do Planeta no mesmo espaço, no mesmo tempo, na mesma situação, não importa para
    onde sopre o vento. Todos, sem exceção. Sim, ficamos e estamos confinados naquela
    imensa e atemorizadora sala do Diretor para receber umas palmadas, quem sabe, até a
    contaminação!
    E isso é amedrontador. E absolutamente instigante. Intrigante. Desafiador, sim,
    porque ninguém pode levantar bandeira e sair protestando, fazendo mimimi… do tipo
    deste aqui:
  • Pera aí, eu sou da turma da frente! Sou certinho! Sou o mais honesto dos alunos.
    Não deveria estar na sala do Diretor. Sempre fiz e entreguei as tarefas em dia. Tenho
    letra bonita e legível. Sou disciplinado. Não converso em aula. Tiro boas notas. Não
    minto. Sou bem comportado Não roubo merenda nem nada dos colegas… não uso o
    dinheiro que meus pais me dão para outras coisas! Fui eleito líder da sala sem restrições.
    Repito as orações, opa, desculpem, quis dizer – lições, em voz alta. Às aulas nunca faltei.
    Por que estou aqui? Por quê??? É injusto! Isso é golpe! Tudo isso vão falando,
    protestando num galope…
    Ah, minhas queridas e meus queridos, desta vez o Diretor não foi seletivo, foi não!
    Deixou de proteger qualquer um. Nenhum de seus escolhidos teve sorte, desta vez não.
    Absolutamente não! Ele pegou a turma toda: do fundão, da frente, do centro, da direita,
    da esquerda, até os que matavam aula, inclusive os que pegavam coisas escondido de seus
    colegas – não teve perdão! Levou todos para sua Sala! A alguns… muitos, milhares,
    infelizmente… deu até a morte.
    Esperem aí, faço uma ressalva: acho que deixou uma turminha de fora, sim. Claro,
    os Bebês! As crianças pequenas também. E sabem por quê? Porque essas são Anjos. São
    puros. Ingênuos. Essas ainda não frequentaram as salas de aula, seja na frente ou no
    fundão. Não. Aliás, muitas delas são Seres da Nova Era (Crianças evoluídas) e estão aqui
    para nos ajudar! Para nos tornar melhores. Para quebrar paradigmas! Por isso NÃO fazem
    parte desse retiro compulsório a que Ele nos confinou, vieram para nos ensinar a Amar!
    Portanto, penso que não importa a qual turma você pertença, nem adianta reclamar.
    Mesmo que você tenha feito a lição de casa, ou fingido e mentido que fez…está sujeito,
    sim – como qualquer um – às mesmas regras do Diretor. Não há exceções, nem a justiça
    dos homens pode ajudar…
    Então… qual tem que ser nossa postura na sala do Diretor neste momento? Qual?
    Ou como devemos proceder depois que Ele nos liberar e libertar de sua sala? Como?
    Muito simples. Ele nos impôs esse Retiro, certo? Logo, temos que ser humildes e
    sábios o bastante para perceber que se trata de um acontecimento muito Maior do que
    parece, isto é, há algo além que o Universo e a Divindade querem nos mostrar; existe,
    sim, uma lição do Amor de Deus permeando esse vírus que trouxe a pandemia. Com
    certeza, há, senão por que motivo Ele nos manteria tanto tempo por lá???
    Eu Sou Cleir Chapeleiro Maluco Um Ser de Luz e da Luz Um Guerreiro da Luz e Um
    Poeta Aprendiz
    Gratidão à Jussara e à sua filha que me inspiraram à criação deste Artigo. Gratidão a este
    Charmoso Blog. Gratidão ao Universo e à Divindade por este dom.
    Em meu apê, às 15:25 horas do dia 3 de setembro – do ano da Graça de Nosso Senhor –
    2020 – Em São João Del Rei – Minas Gerais – Brasil Verde e Amarelo Sempre!
    Nota de rodapé:
    Fui Mestre / Professor por 55 anos e, como aluno, sempre pertenci à turma do fundão.
    Introjetei, então, em meu dia a dia de professor, um olhar generoso e de profunda com +
    paixão pelos meus alunos que ali – naquele sacro lugar – estacionavam em minhas aulas.
    Sim, pois eu sempre me Re + conhecia neles…
    Por essa razão, dedico esta Crônica a todos os meus eternos alunos e, especialmente, a
    todos aqueles da TURMA DO FUNDÃO que me deixaram marcas indeléveis no
    coração.
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