ARTIGO DE OPINIÃO! HeForShe: um movimento pela vida das mulheres

Coronel Fernanda

Todos os dias, mulheres têm suas histórias interrompidas pela violência. Algumas de forma silenciosa, outras de maneira brutal. Durante muito tempo, esse problema foi tratado como algo restrito ao universo feminino. No entanto, a violência contra a mulher só poderá ser realmente enfrentada quando os homens também assumirem a responsabilidade e a participação ativa nessa mudança.

O movimento HeForShe e o Laço Branco, símbolo da campanha “Eles por Elas”, representam esse compromisso. Criado pela ONU em 2014, o HeForShe tem inspirado homens no mundo inteiro a se tornarem aliados na promoção dos direitos das mulheres. É muito significativo ver que essa iniciativa ganhou espaço dentro do Congresso brasileiro.

A Procuradoria da Mulher da Câmara dos Deputados aderiu ao movimento e reforçou que o enfrentamento à violência exige união e corresponsabilidade. Entre as ações anunciadas está a priorização da tramitação de projetos de lei apresentados por deputados homens, que tragam benefícios concretos às mulheres, um gesto que demonstra que a defesa da equidade não é uma pauta exclusiva das parlamentares, mas de todos os que desejam uma sociedade mais justa.

Outra iniciativa importante é o incentivo à criação de Procuradorias da Mulher nas Câmaras Municipais por vereadores homens, especialmente nos municípios onde não há vereadoras. A intenção é ampliar a capilaridade do debate e garantir que mais homens se tornem vozes ativas na proteção e promoção dos direitos das mulheres. Paralelamente, tenho atuado pessoalmente para fortalecer a conscientização das vítimas sobre seus direitos, e agora busco expandir esse diálogo também para os homens, afinal, a maior parte dos casos de violência é cometida por eles.

Essa reflexão tem raízes históricas. Muitos homens foram fundamentais na luta pelos direitos femininos. Em 1869, o filósofo inglês John Stuart Mill publicou o livro “A Sujeição das Mulheres”, no qual defendia que a discriminação contra as mulheres não tinha nenhuma justificativa racional. Mill afirmava que a diferença de força física havia sido transformada em domínio social e jurídico e que esse modelo já não se sustentava diante do avanço da sociedade. A obra foi republicada pela Livraria da Câmara e está disponível gratuitamente para download (https://livraria.camara.leg.br/produto/a-sujeicao-das-mulheres/?cb=1764620608539%27).

Como mulher, militar e representante de Mato Grosso, aprendi que coragem não é apenas enfrentar adversários. Coragem também significa olhar para dentro, rever atitudes, educar nossos filhos e construir relações baseadas no respeito. É escolher não se omitir.

Faço um convite aos homens: vistam o laço branco com convicção e responsabilidade. Observem seus comportamentos, suas palavras e a forma como interagem com as mulheres ao seu redor. Sejam presença, respeito e proteção.

Nós, mulheres, seguiremos firmes. Mas precisamos que os homens caminhem ao nosso lado. A transformação começa com escolhas cotidianas. E a mais importante delas é a decisão de não se calar.

_**Coronel Fernanda* é deputada federal por Mato Grosso._

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