O aumento expressivo de infartos entre jovens tem preocupado especialistas. Em entrevista ao PodOlhar, o cardiologista Juliano Slhessarenko afirmou que o problema está diretamente ligado ao uso de anabolizantes, ao sedentarismo e à falta de acompanhamento médico — fatores que, segundo ele, vêm mudando o perfil dos atendimentos nos últimos anos.
Slhessarenko explicou que, diferentemente do cenário tradicional, pacientes com menos de 40 anos passaram a chegar em estados graves. “Nos últimos três ou quatro anos, a gente tem visto paciente mais grave e mais jovem. Faço exame de paciente com 38 anos em situação grave”, relatou.
O médico destacou que esse público costuma reunir múltiplos fatores de risco: excesso de peso, tabagismo, consumo frequente de álcool, sedentarismo e uso de substâncias ilícitas. “O paciente jovem em geral é mais sedentário desde cedo, tem peso aumentado, fuma mais, bebe mais. Isso tudo contribui”, afirmou.
Entre esses fatores, ele acende um sinal de alerta para a popularização dos anabolizantes usados somente para fins estéticos, muitas vezes repassados informalmente entre amigos. “O anabolizante puro por fins estéticos tem grande contribuição. Uma pessoa usa, indica para o amigo, e isso vai se repetindo. Certamente tem relação com o aumento dos casos”, disse.
Slhessarenko também apontou o descontrole da hipertensão como peça-chave no avanço dos infartos precoces. “Tem muito jovem hipertenso que não usa o remédio, não mede a pressão, não acompanha. Às vezes usa o medicamento por seis meses e para. Aí volta dois anos depois sem nunca ter medido a pressão. É uso contínuo”, explicou.
Embora o cenário seja preocupante, o cardiologista reforça que a prevenção depende de atitudes simples — mas consistentes. “O jovem precisa medir a pressão, fazer consultas e evitar o uso de substâncias que colocam o coração em risco. São fatores que, somados, explicam o aumento dos casos”, afirmou.
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