O Banco Master, liquidado pelo Banco Central e alvo de operação da Polícia Federal está no centro de uma investigação sobre concessão irregular de crédito consignado a servidores públicos de Mato Grosso. Segundo denúncias do Sindicato dos Profissionais da Área Instrumental do Governo (Sinpaig) e levantamentos do Tribunal de Contas do Estado (TCE-MT), a instituição financeira concedeu empréstimos que somam mais de R$ 37 milhões em 2025.
Desde 2024, o Banco Master passou a expandir a oferta de crédito consignado a servidores em diferentes estados, provocando superendividamento de cerca de 70% dos trabalhadores estaduais, segundo o TCE-MT. Entre os problemas apontados estão o uso de seguros prestamistas vendidos de forma casada e a transformação de limites de cartão de crédito em empréstimos consignados com juros elevados, de até 5,65% ao mês.
Contratos e Cédulas de Crédito Bancária (CCBs) analisados indicam cobranças indevidas entre R$ 600 e R$ 900 referentes ao seguro prestamista, sem ciência ou consentimento dos servidores. Especialistas alertam que o modelo adotado pelo banco distorceu a modalidade do crédito, onerando os trabalhadores e comprometendo suas finanças.
Em agosto, o TCE identificou mais de 60 mil contratos com irregularidades e recomendou medidas à Secretaria de Estado de Planejamento e Gestão (Seplag), que publicou decreto restringindo a oferta de consignados. Entre as medidas estão: proibição de marketing e venda por telefone, fim da venda casada e obrigatoriedade de contratação presencial para aposentados, pensionistas e idosos. Também foram estabelecidos limites de juros ao teto do INSS (1,85%), limite único de 35% da folha e máximo de cinco empréstimos por servidor.
Com a investigação da PF em andamento, todos os contratos do Banco Master foram suspensos até esclarecimento das irregularidades. O caso evidencia os riscos do crédito consignado irregular e reforça a atuação dos órgãos de controle no combate a abusos financeiros que afetam servidores públicos estaduais.
Comentários de servidores e entidades apontam a necessidade de desdobramentos da operação e de medidas concretas para ressarcimento e proteção dos trabalhadores. A expectativa é que novas investigações possam aprofundar as responsabilidades do banco e de eventuais instituições envolvidas.
Fonte: Folha Max


